O filho da mãe, Bernardo Carvalho
Tchetchênia, 2003, em plena guerra. Com todos os seus horrores. Mas não é da guerra propriamente que nos fala o autor, mas da maternidade. E várias histórias se entrelaçam - de amores e desamores, de abandonos, encontros, reencontros e desencontros. Múltiplas vozes se fazem ouvir, ao narrar essas histórias de filhos desgarrados e de mães com diferentes sentimentos de culpa, ou por terem abandonado seus filhos, ou por não lhes poderem dar o amparo de que necessitam em suas trajetórias que se deslocam da conturbada Tchetchênia para uma São Petersburgo vigiada e, até certo ponto, sitiada em si mesma, amedrontada entre a violência do capitalismo ainda emergente e suas agruras de cidade ao mesmo tempo tradicional e moderna, tentando encontrar sua posição no novo século. Ali se desenrola a maior parte do drama, que se expande também para outros países e até mesmo para o Brasil. Sem dúvida, um livro bem arquitetado em sua estrutura, com uma narrativa cativante, ao lado de um estilo que flui com uma quase oralidade e até mesmo com certa simplicidade que contrasta com a complexidade tanto dos dramas narrados, quanto do próprio enredo da trama.
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