quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Poemas - Konstantinos Kaváfis (tradução de José Paulo Paes)

 

Poemas - Konstantinos Kaváfis (tradução de José Paulo Paes)



Para mim, ler ou reler Kaváfis sem me lembrar de “O quarteto de Alexandria” é impossível. Embora Durrel não o nomeie explicitamente, se me lembro bem, mas refira-se a ele sempre como “o velho poeta”, sua presença nas ruas ficcionais de Alexandria são como uma sombra a nos lembrar aquele seu peculiar helenismo sem saudosismo. Sim, Kaváfis escreve sobre tempos antigos, embora tenha vivido no começo do século passado, mas seus poemas gregos trazem lições de vida e de sensibilidade dos dias de hoje. A posição do poeta nas letras é singular: escreveu pouco, mais ou menos uma centena de poemas, nunca publicou nada em vida, mas se torna uma figura emblemática da poesia do século XX, quando redescoberto, lido e traduzido para várias línguas, e principalmente admirado por muitas comunidades. Difícil falar sobre seus poemas, principalmente os históricos. Para lê-los e entendê-los, é preciso um pouco de conhecimento do mundo greco-romano dos últimos anos do Império Romano e do princípio da cristianização. Mas, para senti-los de forma mais profunda, basta a sensibilidade e a fixação da nossa mente em certos detalhes e mensagens, que há sempre uma pérola ali escondida entre aqueles gregos antigos, entre aquelas reflexões sobre beleza, sobre vida e morte, sobre conquistas e derrotas. Não posso julgar a tradução, mas os poemas que agora terminei de reler são diferentes daqueles que li há muito tempo e, se voltar a lê-los no futuro, serão sempre diferentes os mesmos poemas. Essa a beleza, o encanto da poesia, e o prazer que ela nos traz quando convivemos com os grandes poetas, através de sua obra; ou, até mesmo, com poetas medíocres, se é que eles existem.


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