Carmem, Prosper Mérrimé
A epígrafe de Pallado, poeta grego do século V a.C não deixa dúvidas quanto ao que esperar da história de Carmem: “A mulher é igual ao fel, mas tem dois bons momentos, um no leito, outro na morte”. Pois Carmem é o fel do narrador Dom José, por levá-lo ao amor e ao crime. No entanto, ela não é apenas a mulher fatal da tradição romântica, aquela que leva o homem à perdição, desde os tempos da mítica Eva. Ela tem consciência de sua força como fêmea e a usa não apenas para o amor, mas para sobreviver num meio hostil às mulheres de sua condição, na Espanha dos anos trinta e quarenta do século XIX: bela e cigana. Conduz seu destino como uma verdadeira líder de bandidos, salteadores e contrabandistas, que não conseguem se articular sem sua inteligência, sem seus truques, sem suas informações. Assim, mesmo que saiba que seu destino poderá ser trágico, não abdica de seu poder, tornando-se uma das mais fascinantes heroínas do romantismo europeu desse século de tantas outras heroínas trágicas. Um nome que se torna símbolo da mulher fatal e ao mesmo tempo voluntariosa, não apenas nas páginas de Mérrimé, mas também na imortal ópera de Bizet, baseada na sua história. Uma novela rápida, que se lê quase sem interrupções do princípio ao fim, com o prazer das histórias românticas e picarescas da literatura francesa.
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