Manon Lescaut, Abade de Prévost
Manon Lescaut é descendente direta da Eva mítica da lenda criacionista. A mulher que, independente de seus “pecados” ou de sua “luxúria”, traz a perdição ao homem. Conhecemo-la apenas pela ótica de seu amante, De Grieux, que a ama desesperadamente e lhe perdoa todas as faltas, sendo, por isso, arrastado à desgraça física, financeira e moral. De 1731 até nossos dias, Manon teve sua trajetória refletida na trajetória de muitas heroínas, como Margueritte Gautier (A dama das camélias), Emma Bovary, Maria da Glória ou Lucíola, Maria Capitolina Santiago ou Capitu, Sarah Woodruff (a mulher do tenente francês) e muitas, muitas outras. Ainda e sempre, a mulher fatal, a que muitas vezes morre no final, como purgação de seus “pecados”, a mulher vista até hoje como “propriedade” e como uso exclusivo de um só “dono”, sujeita ao castigo do macho predador, que a ama e, por isso, tem sobre ela o poder de vida e morte.
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