O conto da aia, Margaret Atwood
Escrito em 1995, o livro da canadense Margaret Atwood cria uma distopia fantástica. Os Estados Unidos, num futuro não muito distante, sofre um golpe de estado e transforma-se numa república de fanáticos religiosos chamada Gilead. Tudo é proibido. Qualquer transgressão às regras leva à morte. Não há mais arte, não há mais a palavra escrita. Tudo foi destruído. Uma catástrofe nuclear tornou estéreis quase todas as pessoas. Por isso, as mulheres, vítimas preferenciais da opressão, são divididas em castas e as que são férteis tornam-se aias, ou seja, ficam à disposição dos poderosos para a procriação, até serem também descartadas. A heroína do livro é uma dessas aias e é sob o seu ponto de vista que o “conto” se desenvolve: aos 33 anos, era casada e tinha uma filha, mas não tem mais notícias de nenhum dos dois. Sua rotina é a de todas as demais aias. Não pode sair, é vigiada o tempo todo, não pode exibir nenhuma parte do corpo (daí as túnicas que as cobrem), não pode ler nem escrever. Seu nome de aia é Offred (of Fred = de Fred, pertencente a Fred, assim como todas as demais, que ganham o nome de seus “donos” com a precedência do “of”). Ela descreve sua rotina diária, a adaptação a essa vida terrível, os abusos, as tentativas de manter a sanidade. Através dela, a autora discute temas fundamentais de nossa civilização, como totalitarismo, liberdade, feminismo etc. Um romance fabular e fabuloso e, ao mesmo tempo, assustador.
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