Luís Carlos Prestes, um revolucionário entre dois mundos, Daniel Aarão Reis
Nascido em 1898, o Cavaleiro da Esperança viveu integralmente o século XX. Não apenas viveu, mas participou de momentos importantes de nossa História. Militar, muito cedo se envolveu na política. Perseguido, foi um dos comandantes da famosa Coluna (que acabou ganhando o seu nome) que deu um baile nas forças do governo, com seus cerca de 1.200 homens (e mulheres) a percorrer de norte a sul o território brasileiro. Tornou-se comunista por força de suas ideologias: foi sempre um homem preocupado com o povo, com a miséria do povo, com a submissão do povo a governos submissos a potências estrangeiras. Perseguido, preso e exilado. Essas três palavras definem, talvez, a vida pública desse grande brasileiro. Luís Carlos Prestes, o nome que fazia e ainda faz arrepiar a gentalha da direita e, principalmente, os militares da direita. Desmistifiquemos a palavra COMUNISMO: se o Partido Comunista, desde suas origens na década de 40 até há alguns pregava a revolução armada, isso já não faz parte de seu ideário. E a luta armada tinha sua razão de ser, porque de armas não mão é que se governou esse País na maior parte de sua história republicana. O povo foi condicionado a votar como gado, desde a fundação da República, que não passou de um golpe de estado, em 1889. Daí até os dias de hoje, há sempre um milico de olho no poder, para tutelar o povo. Ou civis que impõem ditaduras, com a devida bênção militar. E foi contra essa corja de usurpadores (que ainda estão encastelados no poder e, cada vez mais, assenhoreiam-se do poder atual, comandado por um “capitão” fascistoide) é que lutou a vida inteira Luís Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, sem dúvida um herói brasileiro, muito mais do que muitos e muitos militares condecorados e estrelados. Sua longa vida (morreu aos 92 anos) foi complexa e está o seu pensamento e a evolução desse pensamento ligados para sempre à história política brasileira do século XX. Deixou um exemplo de denodo e de honradez, e pode-se dizer que foi, sim, comunista, com muito orgulho. Um herói, sem dúvida, semelhante aos heróis de ficção, mas como a vida real é muito diferente, nosso herói não tem o final feliz: morreu praticamente isolado, embora ainda lutasse por eleições diretas e participasse ativamente da vida pública nos finais dos anos 80, quando o País experimentou, pela primeira vez, depois da ditadura, eleger um presidente da república e escolheu a triste figura de Collor de Melo. Mergulhei durante muitos dias na vida de Luís Carlos Prestes, para conhecer não só sua trajetória, mas, principalmente, suas ideias, neste longo relato muito bem escrito e muito bem fundamentado. Volto, agora, à ficção, na qual, quase sempre, o mocinho vence no final, beija a mocinha, vive feliz para sempre; na ficção em que os bandidos são exemplarmente punidos e não, como na vida real, ganham eleições e nos governam. Um grande livro, para uma grande vida, sem dúvida.
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