terça-feira, 14 de dezembro de 2021

20 contos de Truman Capote

 

20 contos de Truman Capote



Não é possível resenhar neste espaço os 20 mais ou menos longos contos contidos nessa obra. Só o que se pode dizer é que constituem uma boa amostra do estilo elegante do autor de “A sangue frio”. E como nessa sua obra mais conhecida, também aqui estão quase sempre presentes personagens do interior do Estados Unidos, do Alabama ou do Arkansas. Poucos os contos que saem do rural para as ruas de Nova Iorque, como o pungente “Senhor Desgraça”, em que uma personagem misteriosa compra sonhos das pessoas e uma garota tenta sobreviver vendendo seus sonhos para ele; ou ainda “A pechincha”, que trata da venda de um casaco de vison. Há ainda um elo entre todos eles: a época. Estamos no período de entre guerras, quando os Estados Unidos entraram numa grande depressão, principalmente depois da queda da bolsa, no final dos anos 20. As personagens são, portanto, filhos desse momento de grande pobreza, de até mesmo desespero, mas principalmente de grande desalento. Lutam para sobreviver dentro de um universo de falta de perspectivas. São os Estados Unidos em sua roupagem de maior desigualdade, antes, portanto, de dar o salto que levaria esse país à liderança mundial, quando se torna uma espécie de vampiro da guerra, de filho bastardo do nazismo, porque foi a nação que melhor soube transformar a carnificina dos anos 40 em riqueza e poderio, tornando-se, a partir de 1945, uma espécie de xerife do mundo. São, portanto, os contos de Truman Capote uma espécie de visão de um passado de dificuldades, misérias e desigualdades que ainda não tinham sido superadas ou varridas em parte para debaixo do tapete do extraordinário desenvolvimento econômico do “grande irmão” do Norte.


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