Essa gente, Chico Buarque de Holanda
Manuel Duarte é o autor de um best-seller dos anos 90. Agora, precisa retomar sua carreira de sucesso, mas está em crise. Esse o fio condutor da obra. Os capítulos são curtos e, na verdade, constituem uma espécie de jogo de montar, com vários narradores, inclusive o próprio narrador onisciente da trama, em forma de diário que vai construindo as várias relações entre as personagens, em que se misturam ficção dentro da ficção, trechos do livro do Manuel Duarte; realidade, os conflitos do protagonista com suas ex-mulheres e com seu filho e suas caminhadas constantes pelas ruas do Rio de Janeiro; delírio, sonhos e imaginação, num mosaico de contradições em que transparece a própria condição do País, já dividido e fraturado por ideologias opostas, que não se suportam e se agridem, no ano de 2019. Desde “Meu irmão alemão” que Chico vem experimentando técnicas e revelando-se não só um bom contador de estórias, mas também um artesão da ficção, mostrando engenhosidade e domínio dessa arte que parece um tanto desprestigiada no atual momento de nosso País, o romance. Que venham outros livros, com as bênçãos da criatividade, desse talentoso e, por vezes, incompreendido Chico Buarque de Holanda. Os bons leitores saberão agradecer.
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