Indiscreto, Charles Dubow
Um ditado popular infame e machista diz “água de morro abaixo, fogo de morro acima e mulher quando quer dar ninguém segura”. Talvez devêssemos amenizar a conclusão desse adágio para “...o ser humano quando se apaixona ninguém segura”, para resumir o tema desse livro – INDISCRETO – do estadunidense Charles Dubow. Porque é de paixão que, como maré cheia, assola a praia e leva tudo de roldão, nos fala o autor, nessa comovente história de mais um triângulo amoroso da literatura. Além desse – podemos dizer – clichê, há ainda outros: um casal bem-sucedido na vida e no amor, casados há mais de vinte anos; ele, escritor premiado; ela, bela e inteligente mulher dedicada ao marido e às contínuas festas que eles promovem ou de que participam, com uma variedade de amigos e conhecidos; um filho que, embora tenha nascido com problemas cardíacos, preenche a felicidade do casal; ricos, ambos na faixa dos 40, vivendo entre Nova York e sua espaçosa casa de praia. Um dia, intromete-se nessa vida paradisíaca uma bela mulher, de seus 26 anos, namorada de um desses amigos e que se torna – depois de rompido o namoro – uma espécie de agregada à família. E o vendaval acontece: ela seduz o marido fiel e feliz. Claro, a tempestade terá as consequências de que o moralismo da sociedade estadunidense e de quase todo o mundo está farto de se saciar. Como dizia o mestre Machado, “ao cabo só existem ideias velhas caiadas de novo”. Mas a caiação, ou seja, a estrutura do livro, o próprio enredo e até mesmo a forma como é contada a história, não nos deixa na mão: consegue manter o suspense e levar-nos a um final que chega a nos surpreender e comover. Enfim, um bom romance, para se ler num fim de semana, como sói acontecer com um bestseller bem escrito.
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