Anne de Green Gables, Lucy Maud Montgomery
A história de Anne Shirley, a primeira de uma série de oito livros, começa com um engano. Marilla e Matthew Cuthbert, dois irmãos solteirões, que moram na propriedade chamada Green Gables, na Prince Edward Island, no Canadá, resolvem adotar um órfão para ajudá-los nos trabalhos da fazenda. No entanto, a pessoa encarregada de buscar esse menino, traz-lhes uma menina. Pensam seriamente em devolver a garota de 11 anos, ruiva, sardenta e muito, muito falante. Acabam por se afeiçoar a ela. Anne é uma menina especial. Além de sua tagarelice, o que contraria o quase mutismo do casal de irmãos, tem uma imaginação tão fértil, que a leva a sempre sonhar com um mundo encantado de belezas e mistérios. Por isso, ocasiona vários problemas, não só para si mesma, como também para o casal que a adotou. Sua capacidade de ver sempre o lado belo e positivo de tudo, seu amor pela vida, pela natureza e pelos livros acabam levando-a a ser adotada também pela comunidade. Esse primeiro livro relata as peripécias, as amizades, os desafios e os momentos difíceis de Anne desde sua chegada até os 16 anos, quando precisa tomar uma decisão importante na sua vida. A prosa da autora canadense é leve, com muitas descrições da natureza, o que torna a leitura da obra bastante agradável e deve ter contribuído pelo seu sucesso, desse a primeira edição, em 1908, entre principalmente os jovens. Apesar de defender valores tradicionais do século XIX, há princípios básicos que devem fazer parte da formação da juventude, como a ética, a solidariedade, a honestidade e a importância do trabalho, da amizade, do amor à natureza. Pode-se dizer que a saga de Anne é um pouco do reflexo do sucesso de Alice, de Lewis Carrol, num diapasão de realidade, embora próxima de um romantismo tardio e ainda apreciado por muitos leitores do mundo todo, com a tradução para mais de 20 idiomas e a adaptação para o teatro, o cinema e a televisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário