Cidade aberta, Teju Cole
Julius é jovem psiquiatra residente no hospital Columbia Presbyterian. Originário da Nigéria, carrega em si uma grande solidão. Por isso, após o trabalho árduo no hospital, faz longas caminhadas por uma Nova Iorque dissecada e às vezes minuciosamente descrita como uma cidade complexa, traumatizada ainda, após os atentados de onze de setembro. O leitor não precisa conhecer a cidade, basta acompanhar as descrições e os detalhes históricos que o narrador, o próprio Julius, vai tecendo ao longo da narrativa, mesclados com sua própria vida e seu passado, seus poucos amigos e suas reflexões sobre música e literatura, para conhecer e viver a cidade que vai aos poucos desvendando sua história, seus habitantes e a vida do narrador. Há momentos realmente muito trágicos, como o assalto e o espancamento que ele sofre, praticados por três garotos negros, ou a revelação de um acontecimento de 18 anos atrás, durante uma festa de amigos. Há momentos de grande beleza e melancolia, como a descrição do enterro de seu pai, um pai ausente, quando ainda garoto, na sua terra. Ou, ainda, a ida a um concerto em que um maestro famoso rege a nona sinfonia de Mahler. Enfim, um belo passeio pela mente de uma personagem cativante e misteriosa, em caminhadas pela cidade aberta a todas as etnias, a todas as tendências e a todos os conflitos, belezas e misérias da civilização ocidental, até o final surpreendente e melancólico aos pés do símbolo dessa cidade cosmopolita, a estátua da liberdade, que nos leva a uma reflexão sobre o quanto de belo e de bárbaro guarda sua história.
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