domingo, 17 de julho de 2022

Canção de ninar, Leïla Slimani

 

Canção de ninar, Leïla Slimani

Nas duas primeiras páginas do livro, um crime bárbaro num apartamento classe média num arrondissement de Paris: a polícia e paramédicos atendem duas crianças esfaqueadas – um bebê morto e uma menina agonizante, que não resiste, e uma terceira pessoa com ferimentos nos pulsos e na garganta. A mãe, que chega do trabalho, aos urros, também atendida pelos médicos. Vizinhança em polvorosa. Boatos: a babá matara as duas crianças. A partir daí, a história é simples em seu enredo e complexa em suas investigações das motivações para crime tão bárbaro. O casal, Paul e Myriam, mora num apartamento pequeno e tem dois filhos - um ainda bebê e uma garotinha – quando a mulher recebe oferta de trabalho como advogada. Precisam, então, contratar uma babá. Surge Louise, viúva, com uma filha adulta (e sumida), um doce de criatura, inclusive com cartas de recomendação de outro casal, cuja mulher, quando contatada, se derrete em elogios e diz que até pensou em ter outro filho, para manter a babá, já que o filho que ela cuidara já crescera. Aos poucos, vamos descobrindo a vida de cada uma das personagens, seus desejos e progressos, suas vicissitudes e aspirações, num processo que nos envolve a cada página, habilmente costurado pela autora. A grande dúvida que ela investiga: por que o ser humano mata outros seres humanos? Descobrimos as motivações, mas jamais conheceremos os gatilhos que levam ao crime, aquele instante de desumanização ou de insanidade que acomete pessoas comuns e as levam a atos absurdos e cruéis. Esse o grande mistério da mente humana e, cada vez que nos deparamos com um crime bárbaro, somos levados a nos interrogar sobre o que realmente somos, enquanto seres humanos. Por isso, a leitura de livros e tratados sobre crimes nos atraem. Mas, se você, especialmente você, leitora dessas linhas, que tenha filho ou filhos pequenos, não leia esse livro, apesar de ser ele praticamente uma obra prima: é assustadora a história da babá Louise e suas pequenas vítimas!


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