Bem-vindos à livraria Hyunam-dong, Hwang Bo-reum
Gosto de ler livros que falem de livros. Já há várias resenhas sobre eles neste blog. E sempre algum título chama a minha atenção. Desta vez foi a jovem e estreante escritora coreana Hwang B-reum, com um romance que me atraiu não só por ter como tema uma livraria, mas por ser, talvez, o primeiro livro traduzido do coreano que leio. E surpreendo-me com uma narrativa simples e deliciosa. A trama gira em torno de Yeongiu, uma mulher talvez na casa dos trinta anos, recém-divorciada, desmotivada, vivendo uma vida vazia e sem sentido. Para preencher esse vazio e para buscar um motivo para viver, resolve recuperar um antigo sonho: ser dona de uma livraria. Leitora compulsiva, julga encontrar entre os livros conforto para seus males. Escolhe um bairro de classe média de Seul e, no início, a livraria tem poucos frequentadores e ela mergulha na solidão da leitura. Depois de uns dois meses, talvez por tédio, talvez para que o sonho não esmoreça, decide dar um upgrade no negócio. Começa contratando um jovem, também meio desiludido da vida, Minjun, como barista da livraria e iniciar uma série de atividades que possam motivar os leitores e compradores, transformando o espaço num lugar de conforto e acolhimento. Assim, aos poucos, através de diálogos interessantes e do desvelamento de algumas vidas que passam a frequentar a livraria, a autora vai nos envolvendo na trajetória de vida de sua protagonista, na sua busca por uma vida que faça sentido para ela, sem grandes arroubos, mas satisfatória o suficiente para que consiga estar em paz consigo mesma, já que a livraria, cujo tempo de duração ela previra para apenas uns dois anos, começa a fazer sentido como um negócio que não vai enriquecê-la materialmente, mas o contato com livros, com escritores, com leitores e frequentadores mitigará seu desencanto de viver. Enfim, não é, absolutamente, um livro de lições moralistas sobre o sentido da vida, mas dá ao leitor o conforto de saber que, afinal, a vida que temos é a vida que deve ser vivida da melhor forma possível e, muitas vezes, apesar das dificuldades, valorizada com o esforço do trabalho e de valores realistas, para que não se torne desmotivada e vazia.
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