O gigante enterrado, Kazuo Ishiguro
A literatura inglesa prodigalizou obras que abordam os tempos do lendário Rei Arthur. “O gigante enterrado”, desse ótimo escritor inglês de origem nipônica, Kazuo Ishiguro, bebe nesta fonte inesgotável, para narrar uma deliciosa história do ciclo arturiano, abordando um tema bastante interessante: a perda coletiva da memória. Vamos a um resumo bem rápido do enredo: numa aldeia medieval, um casal de idosos tem a intenção de viajar para uma terra mais ou menos distante, em busca do filho, de cuja memória eles guardam apenas pequenos traços. Aliás, ninguém naquelas terras guarda lembranças dos acontecimentos, mesmo os mais recentes. Um mistério ocasionado, na visão dos aldeões, por uma espécie de névoa que perpassa a região e apaga da mente das pessoas todas as suas memórias. Na corajosa aventura de sua viagem, o casal de idosos chega a uma aldeia vizinha, onde conhece um cavaleiro que tem uma missão, a de matar uma dragoa que, dizem, seria a responsável por essa névoa. E também um garoto que havia sido sequestrado pelos ogros e, resgatado, voltou com uma ferida de mordida na barriga, o que o torna maldito pelos aldeões e deve ser morto. Para salvá-lo, o tal cavaleiro aceita levá-lo em sua jornada que ele deve reiniciar, agora acompanhando o casal de idosos, para protegê-los. A partir daí, acompanhamos a jornada dos quatro, em várias aventuras, até o desenlace final da história. Então, meus caros leitores e leitoras destas linhas, embarcamos no mundo fantástico e lírico das aventuras instigantes do ciclo arturiano. Embora, à época da história, o lendário rei já estavisse morto, sua influência e o sopro da dragoa, resultado de um feitiço de Merlin, povoam a narrativa até o final. Sem dúvida, uma leitura deliciosamente fácil, que traz, porém, uma mensagem bastante clara de que a memória dos fatos passados nem sempre é a melhor conselheira para os acontecimentos do presente, ao abordar temas como o envelhecimento e a permanência do amor, a guerra e, principalmente, o tema central, a memória. Para ler com prazer e, se você tiver filhos ou filhas adolescentes, pode ter certeza de que eles também apreciarão essa narrativa.
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