Cidade de vidro, Paul Auster
Terminei o livro sem ter a mínima ideia do que escreveria sobre ele. Se gostei? Claro que sim. Mas, sua trama – falsamente simples e impactante – deixou-me sem palavras. Tentemos. Primeiro, um breve resumo, sem muitas indiscrições para o futuro leitor. Temos um escritor de livros de mistério, Quinn, morador de Nova Iorque. Escreve sob o pseudônimo de William Wilson e é, portanto, anônimo, além de solitário. Recebe alguns telefonemas procurando pelo detetive Paul Auster. Diante do pedido desesperado vindo do outro lado da linha, resolve assumir a identidade desse pretenso detetive, o que o leva a um labirinto de personagens estranhos: o jovem Peter Stillman, uma espécie de Kasper Hauser que não diz coisa com coisa; sua bela e estranha mulher que lhe diz que o rapaz está em perigo, porque seu pai vai sair da cadeia e tentará mata-lo. Esse pai, Paul Stillman – que é o personagem mais fascinante e misterioso da trama - está preso porque manteve o jovem prisioneiro durante 12 anos num quarto escuro, levando seguidas surras, e é o autor de um livro delirante sobre a torre de Babel. Quinn resolve proteger o jovem e seguir o velho pai, assim que ele pisar em Nova Iorque. E é o que ele faz. A partir daí, entramos com o pretenso detetive num universo kafkiano de mistérios e enigmas que não se resolvem. Ou só se resolvem na prosa falsamente realista e deliciosamente envolvente do autor. Nada mais há a se dizer. Que tenha o leitor dessas linhas despertado sua curiosidade e procure o livro (ou o conto, ao que parece), e terá a mesma surpresa e o mesmo deleite deste resenhista.
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