Quem matou meu pai, Édouad Louis
Um romance curto, apenas 48 páginas, mas de grande força emotiva e confessional. O jovem autor, fenômeno da literatura francesa contemporânea, tem a pena afiada e um estilo cativante, para narrar seu acerto de contas com o pai, ao mesmo tempo que faz uma crítica social e política à direita de seu país, que tira dos pobres para dar aos ricos, que mantém, numa Europa economicamente rica, ilhas de pobreza e de exclusão. A relação com o pai, marcada pela indiferença e pela vergonha, porque no garoto já se manifesta uma sexualidade não aceita pelo preconceito social; marcada ainda por conflitos familiares oriundos do machismo; essa relação fraturada e sofrida nos comove e nos leva a refletir seriamente sobre que tipo de sociedade estamos construindo ou destruindo, através de valores arraigados que não deviam persistir, mas insistem em permanecer atormentando inúmeras vidas que não se enquadram nesses valores. Progredimos, sim, mas ainda tempos em nossa sociedade muitas e imensas ilhas de rancor, de preconceito, de racismo, de homofobia e machismo. Pequenas, mas dilacerantes obras como “Quem matou meu pai” ajudam-nos a compreender um pouco mais sobre o mundo em que vivemos e sobre o mundo em que queremos viver e deixar para nossos filhos.
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