quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, Rainer Maria Rilke


Os Cadernos de Malte Laurids Brigge, Rainer Maria Rilke


Malte Laurids Brigge, uma espécie de alter-ego do autor, nasceu num castelo da Dinamarca, de família nobre, e teve uma infância idílica, mas um tanto complicada, já que sua mãe o vestia de menina até uma certa idade, por trauma de uma filha que morreu. Agora, em Paris, uma cidade que ele vai conhecendo pouco a pouco e que lhe é inóspita, embora deslumbrante, rememora a infância perdida, a vida no castelo, as mulheres que o frequentavam, alguns acontecimentos marcantes e seus amores do passado. E anota em seus cadernos os sofrimentos e angústias do escritor. Não é uma leitura fácil, já que há muito pouco de enredo e muito de digressões e comentários sobre inúmeros temas caros à geração do início do século XX, quando foi publicado o livro. São temas como a busca da individualidade, a tentativa de compreender o significado da morte, as dúvidas relacionadas à religião e à existência e presença de Deus na vida dos seres humanos, a própria literatura e a paixão, em longos trechos complexos, em que se percebe a influência de Nietzsche. Como romance de reflexão e de aprofundamento das dúvidas humanas, influenciou obras importantes, como A náusea, de Jean-Paul Sartre. Aventurar-se por suas páginas exige um exercício de atenção e de dedicação, para apreender toda a filosofia e toda a erudição que o romance contém, como pano de fundo para a busca de autocompreensão da personagem que, repito, é um reflexo da vida do próprio autor, principalmente na fase em que Rilke morou realmente em Paris. É considerado uma das obras-primas do romance alemão do século XX.

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