Um solitário à espreita, Milton Hatoun
Livro com coletânea de crônicas é assim: quando o autor é bom, começa-se a ler e vira vício, não se consegue parar. Lê-se um texto excelente e pula-se para o seguinte, em busca de novas emoções, em buca de mais observações inteligentes, porque a leveza da crônica seduz e prende como uma rede de pescar prende os pobres peixes e somos nós, os leitores, os peixes presos pela prosa do autor. A crônica, diz-se, é praticamente uma invenção brasileira. E temos excelentes cronistas. Não vou nomeá-los, para não cometer injustiças. E como esse texto está começando a virar crônica, passo a tentar uma breve resenha do livro de crônicas de Milton Hatoun, “Um solitário à espreita”. Como ficcionista, dispensa-se qualquer comentário sobre a prosa do escritor amazonense, que já nos brindou com obras excelentes. Agora, como cronista, ah!, que danado é Hatoun: nas suas mais de 90 crônicas do livro não há lugar para o tédio. Desfila fatos de sua vida, de suas viagens, de seus amigos e de personagens comuns com quem conviveu ou conheceu com a verve do observador arguto e sensível, além de abordar temas variados como literatura, política e vida cotidiana ou tecer fabulações não só amazônicas, mas também de várias cidades do Brasil e de outros países que visitou ou em que viveu. Não vou me alongar, porque não é possível fazer qualquer resumo ou comentários sobre cada texto do livro, devido à sua quantidade e variedade, mas deixo aos quase improváveis leitores dessas minhas observações livrescas um recado: não deixe de ler a crônicas de Milton Hatoun, se você gosta de uma boa prosa, de um bom texto, de um livro a que se prende desde as primeiras páginas. E vida longa à crônica brasileira, esse gênero quase impossível de se definir, mas que sabemos reconhecer quando lemos alguma, num livro, numa revista, num jornal...
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