sábado, 13 de dezembro de 2025

O construtor de pontes, Markus Zusak

 

O construtor de pontes, Markus Zusak


Há livros cuja narrativa é tão empolgante, que aceleramos a leitura, torcendo para que nunca chegue o final. Foi o que aconteceu comigo, ao ler esse romance do australiano Markus Zusak, de quem já havia lido “A menina que roubava livros”, em que o narrador só é conhecido na última página. Agora, o narrador é Mattew Dunbar, o irmão mais velho de cinco irmãos (Matthew, Rory, Henry, Clay e Thommy) cuja mãe morreu e, abandonados pelo pai, quando ainda muito jovens, mantêm-se unidos, apesar de todas as brigas entre eles e de todas as dificuldades da vida. Mattew escreve na cozinha da sua casa, batendo as teclas de uma velha máquina de escrever, porque precisa contar a história de um de seus irmãos, Clay, o diferente da família, aquele que esteve nos últimos momentos de vida da mãe e carrega, por isso, no bolso, um pregador de roupas (e eu não vou dizer, aqui, o motivo). Também foi Clay o irmão que acatou o convite do pai desaparecido, chamado por todos de Assassino (e também não vou dar ao leitor destas linhas o motivo por que ele é chamado assim), quando ele voltou e pediu ajuda para construir uma ponte. Clay é o guardião da mula de estimação dos garotos, chamada Aquiles, o único que consegue verificar as condições de suas patas. Os garotos Dunbar têm ainda, graças ao caçula, outros animais de estimação: a cachorra Aurora, o gato Heitor, o pombo Telêmaco e o peixe-dourado Agamenon, todos eles, de certa forma, um consolo diante da perda da mãe e do sumiço do pai. A mãe era pianista, mas não conseguiu fazer nenhum dos filhos gostar do piano, e lia para eles a Odisseia e a Ilíada, por isso os nomes dos animais. Por isso, talvez, a resiliência dos garotos, apesar de tudo. Clay, aos dezesseis anos, apaixona-se por uma joqueta de quinze anos, que vai ter uma importância muito grande em sua vida, mesmo quando resolve viajar para a cidade do pai e ajuda-lo na construção da ponte, um símbolo potente da perseverança, da luta pela sobrevivência dos cinco irmão e da ligação existente entre eles. A narrativa de Mattew é pontuada por detalhes da vida anterior de seus pais, de muitos momentos familiares, de muita saudade e nostalgia, até o final, numa história realmente de grande sensibilidade humana, desse grande escritor. Um livro que nos leva a pensar como a literatura, a boa literatura, venha de onde vier, pode nos transportar para mundos e conhecimentos admiráveis, e nos tornar mais humanos, muito mais humanos.

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