Carmen de Georges Bizet, Susan McClary
Confesso que não seria este um livro de minha imediata curiosidade. Aprecio a ópera e, em especial, gosto muito da música da Carmen de Bizet. Porém, como ganhei o livro de meu amigo Wagner, resolvi ler. O primeiro capítulo é um estudo sobre a Carmem de Mérrimée, o que me levou a interromper a leitura logo no começo e ler o romance, para acompanhar melhor o texto do autor, Peter Robinson, professor de literatura francesa na University of Minnesota. Em seguida, a autora da obra passa a analisar a ópera de Bizet, em capítulos cujos títulos descrevem bem o seu conteúdo: “a origem da Carmen de Bizet”, “imagens de raça, classe e gênero na cultura francesa do século XIX’, “as linguagens musicais de Carmen”. Neste último, discute a ópera cômica, gênero a que pertence a ópera, apesar de romper certas regras; o germanismo de Bizet e sua influência ou não na composição da ópera, ressaltando a grande admiração que o compositor sentia por Wagner; o exotismo ou orientalismo das canções e a narrativa da música do século XIX. Até aí, o livro flui bem para leigos em música, como eu, e estamos na metade da leitura. No entanto, os capítulos seguintes não têm apelo para quem não seja expert em música, embora deva ser bastante interessante para esse público: a autora analisa a ópera em seus aspectos composicionais, ato por ato, detalhadamente. Nas duas partes seguintes, discute como foi a recepção do público e da crítica, quando da estreia da ópera e suas consequências futuras até a consagração. Finalmente, o último capítulo nos leva a um passeio interessante pelos filmes que se basearam na ópera, uma filmografia que começa desde os tempos do cinema mudo (e ficamos imaginando a criatividade de diretores a criarem um musical sem som) até os dias de hoje. Enfim, essa é sinopse de um livro que pode, sim, em vários aspectos, interessar a leigos que apreciem a ópera, em especial a Carmen de Bizet, mas que é voltado para um público especializado em música.