A partitura do adeus, Pascal Mercier
Desse autor, li e reli TREM NOTURNO PARA LISBOA. Uma obra prima. E aí começam os problemas. Quando se lê o melhor livro de um autor, os demais desagradam-nos, decepcionam-nos. Felizmente, não foi o que aconteceu. A PARTITURA DO ADEUS, embora não esteja no mesmo nível, é um grande romance. Num estilo fragmentado, caleidoscópico, narra a complexa relação de uma garota, Lea van Vliet e seu pai. Ele, um professor, pesquisador e enxadrista; ela, uma grande violonista. Teve a epifania de sua vocação aos oito anos, ao ouvir uma musicista tocar numa estação do metrô e se apaixonou pelo violino. Torna-se um prodígio no instrumento que é, ao mesmo tempo, o seu grande prazer e o impulsionador de seu temperamento complexo, explosivo, além de outras complicações provocadas pelo seu exagerado amor ao instrumento. A história tem vários focos narrativos e é contada por van Vliet a seu amigo, durante uma louca viagem da França até a Suíça, num processo de autoconhecimento e de autoflagelação de um pai que fez o possível e o impossível por amor à filha, sem, contudo, evitar o trágico destino de ambos. Realmente o escritor suíço é um dos grandes escritores de nosso tempo.
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