A garota do trombone, Antonio Skármeta
Em 1970, depois de muitas lutas e derrotas, Salvador Allende foi eleito o primeiro presidente marxista do Chile. Durante essa onda de felicidade e otimismo de uma grande ressaca cívica é que termina o romance “A garota do trombone” e a história de Magdalena, a si mesma intitulada Alia Elmar Coppeta, a festejar nas ruas de Santiago, com seu companheiro e seu filho pequeno, e emprestando ao presidente eleito o seu reluzente Chrevolet 56, para o desfile da vitória. História que se inicia cerca de 20 anos antes, quando essa garota malícia é trazida ao Chile por um trombonista, aos dois anos de idade, em busca de seu pretenso avô, o imigrante Esteban Coppeta, por haver perdido os pais em guerras da Europa. Na casa do avô ela cresce e descobre a vida, cultivando o cinema estadunidense e seus ídolos, o jazz, a obsessão por Nova Iorque e, ao mesmo tempo, descobrindo a utopia do socialismo e os encantos da adolescência e depois a vida adulta. Uma história, sem dúvida, contada com humor, delicadeza e inteligência por esse grande poeta que é Antonio Skármeta. Um retrato humano de um povo que elegeu um presidente que lhe acendeu a chama da esperança, posteriormente apagada por um dos mais violentos e cruéis golpes de estado da América. Mas isso é outra história. É necessário que fiquemos por enquanto com a delicadeza da narrativa dessa garota trazida às terras de Antofagasta pelas ondas do oceano e pelas notas musicais do jazz de um trombonista, e nos deliciemos com a prosa do grande escritor chileno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário