Palomar, Italo Calvino
O Senhor Palomar tem o nome de um famoso observatório astronômico. Não sabemos sua profissão, apenas que ele é um observador. Um observador de tudo, de todas as coisas. E mais: a partir de suas observações, ele tira reflexões para sua vida. Ele observa com detalhes as ondas do mar, a curva do seio da banhista nua, as tartarugas no jardim fazendo amor, a estrelas e seus movimentos, a lagartixa no vidro da janela, o voo dos pássaros sob o céu de Roma, os animais no zoológico de Paris ou de Barcelona... Ele viaja e observa. Sabemos também que ele é casado e tem uma filha. Mais nada. Todo o livro, em capítulos mais ou menos curtos, divididos por títulos e subtítulos, traz apenas as reflexões do senhor Palomar sobre as coisas, sobre a vida, sobre si mesmo. Parece enfadonho. No entanto, não é. Viajamos com ele, com o prazer da descoberta de cada uma de suas reflexões e observações, de maneira leve, apesar das profundezas do ser humano a que ele nos leva. Graças à prosa articulada, às vezes poética, com pitadas de humor e profundamente humana desse autor nascido em Cuba, criado, vivido na Itália. Li quase numa sentada, como se diz, com calma, navegando com delícia pelas suas páginas surpreendentes, ouvindo boa música, como complemento. Altamente recomendável para esses dias de confinamento, quando a televisão já nos cansou com suas notícias repetitivas e seus programas reprisados ad aeternum. Italo Calvino na veia, para espantar o tédio e nos voltarmos para nós mesmos.
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