Bilhões e bilhões, Carl Sagan
Ler e reler Carl Sagan é sempre um prazer. Sua erudição e sua visão de mundo levam-nos a pensar de forma mais séria sobre o mundo em que vivemos. Neste livro, em especial, constam textos escritos nos anos 90, pouco antes de sua morte. São reflexões sobre vários aspectos da época que ainda estamos vivendo, sob o ponto de vista de um cientista e pensador. Não é possível ficar indiferente a textos sobre os gastos militares absurdos de todos os governos estadunidenses, para manter o país refém de bombas de poder de destruição não só de um pretenso inimigo, como a Rússia, como o próprio planeta. Não é possível ficar indiferente, quando, de forma quase lúdica, escreve sobre ética e preceitos éticos. Também seu discurso para as vítimas da guerra civil estadunidense, que matou mais 60 mil pessoas, soldados, todos eles, só uma vítima civil, enquanto as guerras modernas matam sobretudo mulheres, crianças, jovens, idosos, civis em geral, em massacres que ceifam não apenas milhares, mas milhões de vítimas. Sua visão do cosmo, da pequenez do homem diante da infinitude do universo, não nos leva para os caminhos do pessimismo, apesar de tudo, mas da confiança de que o ser humano, assim como tem capacidade de destruir, tem também capacidade de criar um mundo melhor, ou, pelo menos, construir pontes de entendimento que possam levar à sobrevivência da raça humana, neste planeta que até agora só tem merecido desprezo e destruição. Não apenas este, mas qualquer livro de Carl Sagan merece ser lido, principalmente pelos nossos jovens, para ajudá-los a escapar desse negacionismo estúpido que a direita hidrófoba tem espelhado pelo mundo.
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