sexta-feira, 13 de agosto de 2021

O arquipélago da insónia, António Lobo Antunes


O arquipélago da insónia, António Lobo Antunes




Interior de Portugal, mais precisamente no Alentejo, é onde se passa essa história complexa. Um casarão imponente, símbolo do poder de uma época de riqueza e poder, agora abandonado. A história da família que ocupou esse casarão, as três gerações que se sucedem no domínio de terras férteis e empregados submissos. Não se pense, no entanto, que é uma história linear, de personagens que se sucedem, com seus momentos de glória e paixão. Nada disso. O autor, desde as primeiras linhas, desde as primeiras páginas, nos entontece com uma narrativa fragmentada, numa linguagem absolutamente inusitada, com múltiplas vozes se revezando na condução do enredo que se entretece em tramas que vão do passado ao presente e do presente ao passado sem que se tenha fôlego para tomar consciência de suas paixões, suas limitações, seus desejos e frustrações. O avô poderoso e seu neto autista parecem ocupar o centro de toda essa saga de espanto, violência, desilusões, com personagens já mortos ao lado de outros muito vivos. Um painel humano, na prosa de um dos autores mais renomados da moderna literatura portuguesa, mas um livro complexo. Vale a pena conhecer a prosa de Lobo Antunes, mas recomendo começar por algum outro livro dele, para se acostumar com seu estilo, por exemplo, este romance que, para nós, tem um título estranho: Os cus dos judas – mas que é muito, muito bom.



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