Manual para fazer das crianças pobres churrasco ou modesta proposta para evitar que as crianças da Irlanda sejam um fardo para os seus pais ou para o seu país, Jonathan Swift
É exatamente isto: um “Manual para fazer das crianças pobres churrasco ou modesta proposta para evitar que as crianças da Irlanda sejam um fardo para os seus pais ou para o seu país”. O célebre autor de um dos livros mais lidos no mundo, “As aventuras de Guliver” também tem obras satíricas, num tom geralmente solene e aparentemente sério, em que o sarcasmo atinge alturas que, no caso do tema em questão, não deixa de nos causar um certo engulho. Mas, como diz a apresentadora e tradutora do livro, Clarah Averbuck: “A miséria da Irlanda, em 1729, e a do Brasil, em 2006,” [quando foi lançado o livro no Brasil] “não têm muita diferença. Mulheres em trapos rebocando filas de crianças indesejadas com pais desconhecidos, que ficam jogadas por aí, dormindo ao relento, crescendo com ódio e pedindo um troco no sinal fechado, enquanto fecham-se os vidros elétricos e os corações já endurecidos. A miséria é terrível, mas o mais terrível é se acostumar com ela e deixar endurecer o coração.” Tivemos, depois desse ano, alguma esperança de superar a pobreza, durante um certo período, mas, agora, em 2021, constata-se que a miséria da Irlanda de 1729 e a do Brasil de hoje não deixaram de diferir. O que torna a obra de Swift extremamente atual, com todo o seu sarcasmo. Infelizmente.
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