A educação sentimental: história de um jovem, Gustave Flaubert
Em 1830, os franceses expulsaram a dinastia Bourbon do poder e Luís Filipe de Orléans assumiu o poder, ampliou a participação do Legislativo, proibiu a censura aos meios de comunicação e separou Igreja e Estado. Essas medidas, no entanto, não impediram uma grande oposição a seu governo, com republicanos, socialistas e bonapartistas se aproveitando do fim da censura para realizarem banquetes públicos, para discutiram a ampliação das reformas. O ministro Guizot decretou a ilegalidade dessas manifestações e o governo resolveu endurecer, o que gerou o estopim para o movimento popular de 1948, que culminou com a demissão do rei para a Inglaterra. A França se transforma em uma república, instalam-se o sufrágio universal e a pena de morte. Mas há uma forte reação dos conservadores, no que resultou a formação de uma Assembleia Constituinte de natureza moderada. Esse o cenário da história de amor do provinciano Frédéric, detalhada longamente por Flaubert. Apaixonado perdidamente por uma mulher casada, a quem nunca logrou possuir, navega pela alta burguesia parisiense, tentando obter os luxos e as riquezas ostentadas por essa sociedade, só conseguindo, no entanto, algum poder aquisitivo através de uma herança inesperada, o que o leva a desperdiçar sua vida entre alguns amores fracassados e sua irremediável paixão por essa mulher. As muitas e interessantes personagens que cruzam a trajetória do jovem e o cadinho revolucionário que ferve em torno dele levam o autor a traçar um painel de grande sensibilidade humana e de detalhismo histórico que justificam a colocação do romance de Flaubert entre os grandes clássicos da literatura do século XIX, até hoje passível de ser lido com imenso prazer.
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