Adeus, Gana, Taiye Selasi
A autora nasceu na Inglaterra, estudou nos Estados Unidos e é descendente de pais nigerianos e ganenses. A história que ela conta neste livro passa, portanto, por esses três países. Kweku Sai, renomado cirurgião formado nos Estados Unidos e pai de quatro filhos – os gêmeos Taiwo e Kehinde, Olu e Sadie – morre em Acra, capital de Gana, para onde se exilou, depois de uma denúncia absurda de erro médico. A família, abandonada por ele anos atrás, se reúne para as exéquias. É o pretexto para a autora compor um mosaico dessa família meio disfuncional, mas autêntica, suas vidas e seus dramas particulares, numa prosa ao mesmo tempo envolvente e lírica, costurando com maestria a narrativa entre diferentes tempos e lugares, mudando o foco narrativo e não deixando de nos abrir todas as vicissitudes e todas as feridas escondidas em cada uma das personagens. Não é um romance para se ler distraidamente; sua prosa nos suga para um redemoinho de sentimentos, de fatos, de descrições que tornam a leitura um delicioso desafio que não permite nenhum respiro: temos que acompanhar com atenção e um misto de prazer e espanto cada detalhe, cada desejo reprimido, cada pensamento das personagens até o desfecho final. Lembra, um pouco, a prosa de nossa querida Clarice Lispector: metafórica, cheia de claros e escuros, em novelos dramáticos que vão pouco a pouco nos levando para o vórtice, para o entendimento de pequenas atitudes e suas motivações. Sem dúvida, um grande romance, dentro das características do que podemos chamar romance moderno.
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