domingo, 1 de maio de 2022

44 cartas do mundo líquido, Zygmunt Bauman

 44 cartas do mundo líquido, Zygmunt Bauman



“O mundo que chamo de “líquido” porque, como todos os líquidos, ele jamais se imobiliza nem conserva sua forma por muito tempo. Tudo ou quase tudo em nosso mundo está sempre em mudança: as modas que seguimos e os objetos que despertam nossa atenção (uma atenção, aliás, em constante mudança de foco, que hoje se afasta das coisas e dos acontecimentos que nos atraíam ontem, que amanhã se distanciará das coisas e acontecimentos que nos instigam hoje); as coisas que sonhamos e que tememos, aquelas que desejamos e odiamos, as que nos enchem de esperanças e as que nos enchem de aflição.” – Assim Zygmunt Bauman conceitua o que ele chama de “mundo líquido”. E é sobre esse mundo, moderno, confuso, complexo, instável, que suas 44 “cartas”, escritas no final da primeira década deste século, traçam considerações e tiram lições. Os assuntos são os mais variados: desde sexo virtual até a capacidade humana de cometer maldades. Nada escapa à pena arguta do sociólogo polonês radicado na Inglaterra, falecido em 2017, aos 92 anos. Infelizmente, não sobreviveu para escrever sobre os anos da pandemia, nem sobre essa estúpida guerra da Rússia contra a Ucrânia, neste 2022. Seu mundo líquido continua cada vez mais instável, mais confuso, mais complexo. Pode-se discordar de algumas das suas colocações e proposições, mas não é possível que elas não o façam pensar e buscar entender uma época que escapa a qualquer entendimento. Por isso, com certeza, ainda lemos e nos arrepiamos com suas análises, com suas, às vezes, visões e diatribes não muito elogiosas sobre o nosso tempo. Se vivemos no mundo da internet, das fake news e da enxurrada de informações que inundam nosso dia a dia, é preciso parar um pouco e ler com calma e tranquilidade as ponderações de alguns pensadores do nosso tempo, para recarregarmos as baterias e não sermos engolfados pela “loucura e insensatez de tempos tão intensos”, o nosso momento no rio da História, e imaginar o que iremos deixar para o futuro, se futuro houver.

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