quarta-feira, 13 de abril de 2022

História do novo sobrenome, Elena Ferrante



História do novo sobrenome, Elena Ferrante

Neste segundo livro da “Série Napolitana”, a autora/narradora, agora no início da fase adulta, conta as aventuras e desventuras das duas protagonistas, Lila e Elena, em suas trajetórias ao mesmo tempo enlaçadas pela amizade e tão diversas nos caminhos escolhidos. Lila, depois do casamento e da cena lamentável da lua de mel, parece aos poucos entregar-se ao marido e aos negócios do marido, que são muitos, envolvendo interesses vários nas charcutarias e nas lojas de calçados. Elena, por sua vez, dedica-se cada vez mais aos estudos, apesar de todas as dificuldades. O que as une: Elena reencontra Nino, sua paixão de infância, mas quem acaba conquistando o rapaz é Lila, quando seu casamento, que parecia decolar, não é aquilo que aparenta. Com ele tem um filho. Separa-se do marido e vai viver com o filho em um bairro distante, com outro amigo das duas, que é por ela apaixonado, com o qual não tem, porém, vida marital. Está pobre e trabalhando numa fábrica de embutidos. Já a trajetória de Elena, em termos profissionais, vai de vento em popa, apesar de todos os contratempos: consegue uma bolsa para estudar em Pisa, para onde se muda, tem vários namorados, depois de se entregar ao pai de Nino, numa das viagens de veraneio, numa praia. Inicia uma carreira de escritora e só vai reencontrar a amiga e o filho de Nino quando a situação da amiga já está bastante deteriorada, numa tarde na fábrica de embutidos. O que perpassa a obra, nesse segundo volume, são, portanto, as lutas e frustrações das duas jovens, principalmente a autodepreciação constante de Elena, seu complexo em relação à capacidade e à inteligência da amiga que, no entanto, está-se perdendo pelos caminhos da indigência. Desvenda-nos a autora um mundo complexo, rico de possibilidades e, ao mesmo tempo, um mundo de dificuldades, de tensões, de lutas sociais, políticas e, principalmente, de luta pela sobrevivência através do esforço pessoal, num mundo, enfim, em que não bastam a inteligência e a genialidade, mas é preciso ter berço, ter uma base familiar tradicional, coisa que as duas garotas não têm, embora uma delas esteja conseguindo furar a bolha.


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