O animal agonizante, Philip Roth
Uma história de amor entre um velho professor e uma aluna (ou ex-aluna) bem mais nova: banal? Nenhuma história é banal na pena de Roth. Primeiro, vejamos o enredo. Sim, o professor tem 62 anos, dá todos os anos um curso de crítica literária para uma turma de mais ou menos 25 alunos, a maioria garotas. Seu lema: jamais sair com alunas, enquanto alunas. Mas, o curso termina e o professor oferece uma festa de encerramento em seu apartamento, a que comparecem quase todos os ex-alunos; a maioria, ex-alunas. E ele sempre pesca alguma para sua cama. Já são ex-alunas e não há mais nenhum risco de escândalo. Numa dessas turmas, encanta-se com a filha migrantes cubanos, Consuela, de 24 anos, corpo escultural e belos, belíssimos seios (e isso será muito importante, ao final do livro, mas não vou dizer por quê!). Segue o ritual de sempre e ele a leva para cama no final do curso, depois da famosa festa em seu apartamento. E entre eles surge uma paixão avassaladora, para usar um clichê. O professor tem uma longa ficha de conquistas e um filho de 42 anos, “abandonado” por ele, porque ambos não se suportam, por motivos de extremo moralismo do filho. Mas, fiquemos por aqui. Já é o suficiente para tecermos algumas considerações sobre o livro. A narrativa é rápida: não nos toma muito tempo. Mas, haja fôlego! O autor não perde tempo em nos apresentar todas as nuances do enredo. Com a competência de sempre. Afinal, estamos diante de um dos maiores escritores estadunidenses do século XX. Sua prosa é sempre agradável ou, melhor dizendo, agrada-nos por sua competência em nos enredar em suas histórias, mas... nunca é exatamente agradável. Está sempre abordando temas que nos incomodam. Desse livro, só adianto que se trata da aproximação de dois grandes arquétipos da humanidade: Eros e Tânatos. Amor e Morte. O erotismo de Roth vem sempre com palavras muito precisas, nunca foge ao real, àquilo que precisa ser dito. Quando fechamos o livro, ficamos com a dúvida, em relação a Tânatos: quem é o animal agonizante, afinal? A pergunta é retórica: sabemos, sim, quem é o animal agonizante.
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