terça-feira, 21 de junho de 2022

Bonequinha de Luxo, Truman Capote


Bonequinha de Luxo, Truman Capote

As cortesãs, mulheres de “vida fácil”, que ganhavam a vida à custa da venda de seu corpo, de forma explícita ou velada, sempre despertaram curiosidade e em torno delas muitos romances e muitas histórias foram escritos. A visão romântica da “profissão mais velha do mundo” (um chavão) mostrava heroínas fascinantes, que despertavam o desejo dos homens e os levava, muitas vezes, à ruína, mas acabavam punidas de alguma forma pela vida: morriam tísicas, como a “Dama das Camélias”, ou terminavam seus dias na pobreza. Era a mentalidade da época: punia-se o pecador, para exemplo de uma sociedade conservadora e hipócrita. Se tem um ponto de vista ainda romanceado da velha profissão, Truman Capote, no entanto, não pune sua heroína e o romance (ou novela, como queiram alguns) tem um final aberto: sabemos que ela se vai, quando perde a oportunidade de “mudar de vida”, para o Rio de Janeiro e, depois, Buenos Aires, África... Bem, o enredo é simples: o narrador (“Fred”, o nome que lhe é dado pela heroína) é um escritor pobre que descobre ter uma vizinha encantadora, Holly Golightly, uma jovem que não encontra seu lugar no mundo, está sempre transitando em busca de boas companhias e grandes festas. A personagem é apresentada com uma personalidade frágil e confusa que busca nada mais além de sua própria felicidade que, segundo ela, é um estado de satisfação semelhante à sensação encontrada ao observar as vitrines da Tiffany & Co. pela manhã, daí o título original, “Breakfast at Tiffany’s”. Apaixona-se por ela, claro. Mas a moça se envolve com um velho mafioso preso e, inocentemente, serve de pombo correio para sua comunicação com o mundo exterior. O escândalo estoura quando ela está prestes a se casar com um diplomata brasileiro. Com a reputação e a vida arruinadas, só lhe resta fugir, o que ela faz, caindo no esquecimento público, mas não no esquecimento do narrador, que ainda suspira e sonha com seu amor platônico distante. Nada mais romântico, nada mais “naturalista”, num mundo em guerra, que é quando se passa toda a ação desse livro publicado em 1958.


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