segunda-feira, 6 de junho de 2022

Contra a realidade: a negação da ciência, suas causas e consequências, Natália Pasternak e Carlos Orsi

 Contra a realidade: a negação da ciência, suas causas e consequências, Natália Pasternak e Carlos Orsi



Um breve, porém claro, direto e preciso estudo sobre o negacionismo. Nem é preciso dizer o quanto é atual e necessário esse livro. Os autores começam a narrativa sobre o negacionismo com Heródoto (484-425 AEC), quando o rei persa Xerxes manda construir uma ponte sobre estreito de Dardanelos e essa ponte é destruída por uma tempestade, antes que suas tropas pudessem atravessá-la. Xerxes, enfurecido, ordenou que o mar fosse punido com trezentas chicotadas e... bem, as punições foram bastante severas. Irracional, não? Assim como Xerxes, também agem irracionalmente os negacionistas de nossa era, que negam não só fatos comprovados, mas também a ciência e seu consenso, sobre o qual é necessário que saibamos suas regras e seus caminhos, para entendermos os absurdos a que chegam certos indivíduos, alguns dos quais, por incrível que possa parecer, também são cientistas, mas, imbuídos de ideologias, levantam argumentos contra a ciência e até contra fatos facilmente observáveis. Está aí o terraplanismo. Estão aí as inúmeras teorias absurdas contra as vacinas, contra o evolucionismo, contra as mazelas provocadas pelo cigarro, contra o aquecimento global, contra os alimentos transgênicos, contra o holocausto. Muitos desses negacionismos têm interesses econômicos e estão por trás empresas poderosas que não querem perder dinheiro; mas também há outros interesses difusos e complexos que fazem parte da nossa história. Dizem os autores: “Os negacionismos tendem a cumprir pelo menos uma de três funções: confundir o debate, paralisando a tomada de decisões ou embaraçando a adoção de políticas públicas; criar um espaço psicológico que permita que certas atitudes irracionais sejam apresentadas como razoáveis ou dignas de mérito; e gerar sentimento de solidariedade ideológica, lealdade e coesão interna em grupos que partilham de uma identidade comum”. Repito que é, sem dúvida, um livro necessário, nesses tempos de estupidez por que passamos.


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