Utopia, Thomas Morus
Utopia é uma palavra inventada por Thomas Morus, a partir do grego e significa “um lugar que não existe”. Ficou no vocabulário e no imaginário humano para designar uma espécie de paraíso – sonhado ou desejado. No entanto, a ilha de Utopia, onde a propriedade privada e o dinheiro foram abolidos, onde o estado organiza a sociedade e os sistemas de produção de tal modo que haja uma distribuição equânime dos bens e da riqueza, onde também a individualidade não encontra espaço para se manifestar, não é exatamente o paraíso terrestre, ainda que o autor defenda que o seja. Num país de aparente perfeição, há escravos para os trabalhos menos nobres, como, por exemplo, a matança de animais, e há guerras, embora mitigadas por um complexo sistema de contratação de estrangeiros para executar a carnificina no lugar dos cidadãos de bem de Utopia. Também há religiões, ou seja, há liberdade religiosa, desde que as pessoas não neguem nem a eternidade da alma nem a existência de deus, o que as levaria a se tornarem escravas ou, até mesmo, a uma sentença de morte. Portanto, eivado de todo o moralismo do século XVI, a obra que praticamente escancara a imaginação humana para a ficção não resiste a uma análise moderna de seus princípios, embora seja considerada um marco do pensamento filosófico.
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