sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Botchan, Natsumi Soseki



Botchan, Natsumi Soseki

Natsume Sōseki (9 de fevereiro de 1867 - 9 de dezembro de 1916), escritor e filósofo da era Meiji, é considerado um dos precursores ou fundadores da moderna literatura japonesa. Neste livro, Botchan (que significa pequeno mestre), narrado em primeira pessoa, conta a história de um jovem órfão irrequieto e transgressor, nascido em Tóquio, que se forma professor e é enviado a uma longínqua província do interior, para assumir o ensino de matemática de um grande e tradicional colégio. Sua visão irônica e quase irresponsável leva-o a ver a província como um lugar atrasado e seus colegas professores como pessoas fofoqueiras, mentirosas e falsas, que querem acabar com ele. Por isso, atribui-lhes apelidos como Porco-espinho, Texugo, Abóbora Verde, Camisa Vermelha... Alia-se a isso sua falta de traquejo para lidar não só seus colegas, como também com os alunos, que lhe pregam peças e o desmoralizam. Ironiza as tradições da cultura japonesa, fazendo pouco caso das gueixas, dizendo que haiku (ou haikai) é coisa de donos de barbearia, debocha da arte floral ikebana, que chama de coisa idiota etc. Enfim, ele também um bronco. Claro que, diante desse perfil como “pequeno mestre”, as coisas não vão dar certo. Tem, no entanto, um amor filial por uma antiga emprega da casa de seus pais, uma senhora idosa e descendente de família tradicional empobrecida. Essa afeição é que humaniza a personagem e torna-a menos agressiva. Concluindo, é um romance aparentemente simples, mas repleto de sutilezas que nos fazem pensar na própria condição humana, e até mesmo nos tempos atuais de tantas estranhezas entre as pessoas e, às vezes, tanto ódio sem qualquer motivo.

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