20 poemas de amor e uma canção desesperada, Pablo Neruda
(tradução de Domingos Carvalho da Silva)
Reler Neruda é sempre um prazer. Mesmo os seus poemas de juventude e formação, como esses “20 poemas de amor e uma canção desesperada”, nos quais o poeta se esparrama em lirismo, metaforizando o amor físico com elementos da natureza. Assim, o mar, o crepúsculo, as flores, os pássaros, as abelhas, tudo se relaciona a essa paixão primordial e primeira da descoberta do corpo da mulher. Os sentimentos são exacerbados, como as tempestades no mar, e o amor é fluido e inconstante, como os barcos nesse mesmo mar tempestuoso e as nuvens de chuva que se formam no espaço. O jovem poeta, ainda não dominando todas as nuances do verso e do próprio amor, canta a paixão e seu término, de forma sensual, vertiginosa e, principalmente, com a veracidade absoluta daqueles que parecem já saber tudo. Talvez por isso o sucesso desse “livrinho” que se lê ainda com prazer, mesmo passados muitos anos; que ainda encanta jovens e adultos de todas as idades, tornando quase mítico o seu título, com esse apêndice maravilhoso: “y una canción desesperada”. Teve vários tradutores para a língua portuguesa e esta, que eu li, é uma boa tradução, flui bem e não fica a dever à sonoridade original. Vale dizer que é uma edição bilíngue, como devem ser sempre as obras poéticas.
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