Um coração ardente, Lygia Fagundes Telles
São dez contos, para degustar o estilo e a verve da grande escritora. No conto que dá título ao livro, um relato “naturalista”, em que um rapaz se apaixona por uma moça, sem saber que ela é prostituta. Também em “Biruta”, a chave ainda é a realista, com a história da relação do menino órfão com seu cão. Já em “Emanuel”, o final é tipicamente surrealista. Em “As cartas”, um suspense de crítica social numa chave quase sarcástica. “Estrela branca” cai de novo no suspense, mas num teor dramático e profundamente humano, com pitadas surreais. “O noivo” brinca com o surreal, com um final aberto e surpreendente, embora o tom seja naturalista. “O encontro” cai no fantástico, no deliciosamente maravilhoso. Enfim, a escrita de Lygia é assim: leva o leitor para mundos de fantasia, para o seu mundo, e nos lega lições de humanidade, de compreensão do ser humano. Faz jus, sempre, mesmo em contos quase despretensiosos, à grandeza de seu nome no panteão dos grandes escritores brasileiros.
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