A fabulosa história do hospital – da Idade Média aos dias de hoje, Jean-Noel Fabiani
Não é preciso ser médico ou atuar na área médica, para gostar de ler sobre a história da medicina. E essa história tem história... Já que “de médico e louco todos temos um pouco”, não foram poucos os loucos que se arvoraram a curar as doenças da humanidade. E também foram muitos os médicos e cientistas que, ao longo do tempo, imbuídos da melhor boa vontade, cometeram, no entanto, barbaridades com seus doentes, por ignorância, preconceitos, religiosidade. Mesmo com a perda de inúmeras vidas, não é possível levar a sério, sem um tanto de humor, ironia e até sarcasmo, certos tratamentos que se prescreveram desde os gregos até nossos dias. Nesse livro, uma série de textos que nos contam a história do hospital, ou seja, de como surgiram e como se desenvolveram esses estabelecimentos que fazem parte de nosso dia a dia, cheios de aparelhos modernos que perscrutam os corpos, realizam exames fabulosos, curam doenças que há pouco tempo seriam como sentenças de morte. Surgidos como depósitos de miseráveis, de indesejáveis e de incuráveis, na Idade Média, sob o comando de organizações religiosas, principalmente freiras, os hospitais serviram, ao longo da história, aos mais diversos interesses políticos, sociais ou religiosos, e acompanharam o desenvolvimento da medicina, que foi lento, muito lento. Conceitos simples, como assepsia, ou técnicas hoje corriqueiras, como a anestesia, são descobertas recentíssimas. Pode-se dizer que a medicina moderna – essa de cujas maravilhas nos beneficiamos – tem menos de cem anos e a maioria das técnicas e a maioria do conhecimento médico atual têm sido desenvolvidos nos últimos cinquenta anos. Diz-nos o autor, a certa altura, que o conhecimento médico dobra a cada sete anos. E preocupa-se, aliás durante todo o livro, com o preparo e atualização do corpo médico, historiando também o surgimento e o desenvolvimento da ensino da medicina, desde os famosos barbeiros-cirurgiões até as modernas escolas atreladas a hospitais de grandes recursos tecnológicos e de acolhimento dos pacientes. Concluo essa breve resenha, chamando a atenção do leitor para o fato de que o autor é professor-doutor na faculdade René Descartes, onde ensina história da medicina. Dirige o departamento de cirurgia cardiovascular e de transplantes de órgãos do Hospital Europeu Georges-Pompidou, em Paris. Por isso, toda a história que ele, com bom humor e com leveza, apesar de alguns temas pesados, nos conta tem o ponto de vista francês. Mas, o que aconteceu na França deve ter ocorrido de forma semelhante em toda a Europa e, depois, também nos demais países do ocidente. E sacia muito de nossa curiosidade sobre a história da medicina e de como surgiram organizações como Médicos sem Fronteira, ou de medicamentos como o viagra.
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