A pediatra, Andréa del Fuego
Narrado em primeira pessoa por Cecília, ou melhor, pela doutora Cecília, uma pediatra neonatologista, o romance narra o dia a dia desta mulher no consultório, no hospital onde acompanha as parturientes e presta os primeiros atendimentos aos bebês etc. E neste etecétera cabem muitos outros detalhes, dentre os quais vamos descobrindo aos poucos que ela não gosta de crianças, o que é bastante peculiar. Depreendemos que fez pediatria motivada ou incentivada pelo pai, também pediatra. Mas, há mais coisas: logo no começo do livro, ela dá um fim na relação com o marido e, agora solteira, toma como amante um homem casado que mora em Santa Catarina, mas vem a São Paulo de vez em quando, o que lhe é bastante conveniente. No entanto, esse amante se muda com a mulher, grávida, para praticamente a mesma rua de Cecília. E a situação começa a se complicar pouco a pouco, entre as narrativas do dia a dia: ela assiste o parto da mulher do amante e presta os primeiros atendimentos ao filho do casal, o Bruno, chamado a partir daí de Bruninho. Quando, um dia, o pai leva o menino à casa de Cecília, ela, que não gosta de crianças, desenvolve uma paixão obsessiva pelo menino. E é essa paixão o núcleo da história. Ela se torna cada vez mais obcecada pelo menino e vamos acompanhando todo o desenvolvimento do processo dessa espécie de loucura, que a enreda numa trama que mistura suas encrencas com a empregada que está grávida do marido da irmã, em que vislumbramos uma família estranha, com suas dificuldades em lidar com um novo colega pediatra neonatologista que tem práticas naturais e defende o parto em casa, com a presença de doulas, coisa que Cecília não consegue admitir. Enfim, nos enredamos com ela na trama até o desfecho final, que parece óbvio, mas não é. Mas, para você, leitor ou leitora dessas linhas, descobrir por quê, só mesmo lendo esse romance muito bem urdido por essa escritora paulistana, Andréa Fátima dos Santos, ou Andréa del Fuego, que não à toa tem fogo no nome artístico.
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