A casa verde, Mario Vargas Llosa
A isolada e pequena cidade de Piura, no Peru, recebe um dia a visita de um cavaleiro, dom Anselmo, cuja capacidade de tocar harpa e cuja simpatia vai aos poucos conquistando a amizade de todos os seus cidadãos, mesmo desconhecendo sua origem e seus interesses. Um dia a população desperta com a movimentação de materiais de construção e de operários e acompanha, curiosa, num local um pouco afastado da cidade, perto da ponte, a construção de uma casa de dois andares dividida em vários cômodos e depois toda pintada de verde. Aos poucos, os habitantes do vilarejo descobrem que a casa nada mais é do que um prostíbulo, cujo movimento cresce dia a dia. Frequentam-no os militares, os corruptos, os criminosos e uma imensidão de seres em busca de companhia, de prazeres, de boa música e de comida. Torna-se a Casa Verde motivo de desespero para uma parte conservadora da cidade, liderada pelo padre da paróquia local. A história desse prostíbulo perdido no interior do país, já quase em meio à selva amazônica, serve de pretexto para o autor nos levar a uma viagem complexa pela vida de dezenas de personagens, desde as freiras de um convento próximo e suas noviças, até os contrabandistas de peles de animais e de látex; as prostitutas e os políticos corruptos, os indígenas e os preconceitos relacionados à sua condição de “selvagens”, num mosaico fantástico em que se misturam presente, passado e futuro; em que se entrelaçam as vozes do narrador e das personagens, num cipoal barroco de intrincadas relações, num fluxo contínuo que exige do leitor a atenção de quem vai compondo aos poucos um quebra-cabeças literário de tirar o fôlego. Não é, por isso, um romance de leitura fácil, mas quem se aventura em suas páginas encontra a prosa rica e complexa de um dos maiores nomes da literatura latino-americana.