segunda-feira, 29 de julho de 2024

História universal da infâmia, Jorge Luis Borges


História universal da infâmia, Jorge Luis Borges


Inicialmente, pensa-se: Borges está brincando. Sim, ele brinca com a imaginação do leitor, o tempo todo. Experimenta com nossas emoções e nossa capacidade de criação o que seria mais tarde a própria essência da literatura do grande escritor em que se tornou. Não são contos, nem ensaios. São apenas divagações do autor, em textos mais ou menos curtos, em que ele trabalha com material histórico ou histórias de outros autores ou ainda com outros materiais, como filmes e pinturas, para nos levar a uma reinterpretação personalíssima e cheia de ironia e humor das vidas e fatos infamantes dos seres humanos, através dos tempos. Escrito na década de 30, quando Borges ainda se iniciava nas artes do conto e da literatura que o levaria se se tornar um dos seus maiores expoentes , delicia-nos com observações ferinas e deturpações engraçadas da vida dos personagens escolhidos. Há sempre um lado impensável ou impensado em cada detalhe, em cada circunstância, que a pena do autor disseca e distribui com um estilo ao mesmo tempo leve e ousado. E ainda nos brinda com um conto desconcertante, cujo título já nos causa estranheza, “O homem da esquina rosada”. Enfim, um livro curto, apenas 96 páginas, que pode servir a um leitor que ainda não desvendou ou ainda não teve oportunidade ou coragem de enfrentar a grande obra desse argentino universal como uma excelente introdução aos meandros de sua prosa, já que nos deixa a vontade de querer mais de uma literatura sempre surpreendente.

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