sábado, 20 de dezembro de 2025

Vênus das peles, Leopold Sacher-Masoch

 Vênus das peles, Leopold Sacher-Masoch


Praticamente, quase todo mundo conhece, pelo menos de ouvir falar, o termo masoquismo. O que pouca gente sabe é que esse termo tem origem na história do livro “Vênus das peles”, do austríaco Leopold von Sacher-Masoch, cuja especialidade literária era escrever sobre história, sendo ele professor dessa matéria, e posteriormente contos que nada têm a ver com sexualidade. A origem do livro ocorre quando uma escritora emergente procura Leopold para com ele aprender como melhorar a escrita. Eles se envolvem e ela estabelece com ele uma espécie de contrato de “servidão”, com duração de seis meses, e que usaria roupas de peles enquanto o dominava, o que só acontece durante poucas horas do dia. A ficção não estabelece prazo para essae dominação e dá à autora domínio total sobre o seu amado. Mas façamos um breve resumo da história. Tudo começa com o sonho de um narrador anônimo, relacionado ao quadro de Ticiano, “A vênus do espelho”. Conta a um amigo, Severin (ou Severino, na tradução para o português), esse sonho em que a mulher aparece como a dominadora do homem e o amigo diz que, se uma mulher não é subserviente ao homem, este deve ser subserviente a ela. E lhe mostra um manuscrito, onde está narrada sua história de amor e escravidão entre ele e uma mulher belíssima, chamada Wanda. O contrato entre eles tem duração indeterminada e ela tem sobre Severimo total domínio, em todos os aspectos de sua vida. Tanto que partem de trem para Florença, onde não são conhecidos. Ela viaja com todo o luxo e ele, de terceira classe. Passa por todos os perrengues da servidão, inclusive castigos físicos, mas diz que a ama cada vez mais. Ela assume o papel de verdugo, embora o considere um covarde, por aceitar seu completo domínio sobre ele. Essa relação tumultuada e tumultuosa é que dá ensejo a que mais tarde Freud popularize o termo masoquismo para um aspecto da sexualidade humana, em que um dos amantes tem prazer na submissão total ao outro, mesmo com muito sofrimento. Não sei se o termo é exatamente apropriado ou correto, mas a história narrada por Sacher-Masoch tem todos os ingredientes de um romance muito bem escrito. Não acho que ele deva merecer a fama somente por esse aspecto da sexualidade humana, porque, embora o sofrimento de Severino seja enorme, todos os detalhes são muito bem escritos e descritos, com a elegância de um grande estilista. Não tem o autor o escopo de escandalizar, mas apenas contar uma boa história. Para encerrar, não posso deixar de comentar, embora brevemente, sobre o Marquês de Sade, já que ambos têm os nomes entrelaçados na expressão “sadomasoquismo”. Sade era um filósofo da sexualidade e tinha por intenção provocar e chocar seus leitores, com descrições detalhadas de práticas não convencionais, o que não era o caso de Leopold von Sach-Masoch.

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